Em um vídeo recente, Sean Pruitt, presidente da Kingdom Exploration LLC, uma empresa de exploração de petróleo convencional, alerta para uma suposta conspiração nos mercados de energia. Com mais de 20 anos no setor de petróleo, Pruitt afirma que a mídia e agências governamentais como a EIA (Administração de Informação de Energia dos EUA) estão mentindo sobre a oferta global de petróleo. Segundo ele, os preços baixos atuais (citados como US$ 69 por barril) são artificiais, sustentados apenas pela produção de xisto americano, que estaria à beira do colapso devido a uma "crise hídrica" no Permiano. Ele prevê um salto para US$ 150-200 por barril em breve, impulsionado por perdas na Rússia (3-4 milhões de barris por dia), Irã (2 milhões) e declínio no xisto, enquanto promove investimentos em poços convencionais com benefícios fiscais de 100% de depreciação.
Mas quão verídicas são essas alegações? Esta análise crítica examina as principais claims do vídeo à luz de dados atualizados até outubro de 2025, obtidos de fontes como EIA, Rystad Energy, IEA e relatórios independentes. Embora haja desafios reais no setor, o tom alarmista de Pruitt parece exagerado e motivado por interesses comerciais, já que sua empresa se beneficia de investimentos em petróleo convencional.
Pruitt argumenta que o petróleo deveria estar a US$ 200 por barril, dado eventos geopolíticos como ataques de drones ucranianos na Rússia e tensões no Oriente Médio. Ele cita o preço atual como US$ 69, mas dados de outubro de 2025 mostram o WTI em torno de US$ 58-62 por barril, e o Brent em US$ 62,70, com quedas recentes devido a temores de recessão e oversupply global. A EIA projeta um excesso de oferta de 2,6 milhões de barris por dia no quarto trimestre de 2025, o que pressionaria os preços para baixo, não para cima.
O vídeo ignora que os mercados já precificam riscos geopolíticos, mas o foco está em uma demanda fraca (devido a transições energéticas e crescimento econômico lento na China) e produção recorde nos EUA. Em vez de uma "explosão iminente", analistas como a IEA preveem um equilíbrio em 2025-2026, com OPEP+ adicionando 1-1,3 milhão de barris por dia. Pruitt subestima a capacidade de absorção de choques: a OPEP+ tem cerca de 4-4,1 milhões de barris de capacidade ociosa, principalmente na Arábia Saudita, suficiente para cobrir perdas potenciais sem pânico imediato.
Uma das claims centrais é que a produção de xisto dos EUA (13 milhões de barris por dia) é o único buffer contra preços altos, mas está "acabando" devido a custos crescentes e esgotamento de poços. Pruitt cita a Rystad Energy prevendo um pico em 2025, com declínio no Permiano, Bakken e Eagle Ford. De fato, a Rystad prevê uma queda de 8% nos investimentos em xisto em 2025, e a Wood Mackenzie indica um platô em agosto de 2025, com declínio modesto em outubro. A EIA ajustou suas previsões para cima, com produção recorde de 13,6 milhões de barris em julho de 2025, mas espera uma média de 13,5 milhões em 2025-2026, com leve queda devido a preços baixos.
No entanto, Pruitt exagera o colapso. A produção total dos EUA não está "caindo de um penhasco": o Golfo do México offshore contribui com 1,89 milhão de barris, e inovações em eficiência mitigam declínios. Ele acerta na crise hídrica do Permiano – poços produzem 4-6 barris de água contaminada por barril de óleo, com custos de descarte subindo para US$ 6-15 por barril, causando terremotos e regulamentações mais rígidas no Texas e Novo México. Relatórios da Bloomberg e B3 Insight confirmam que isso eleva breakevens para US$ 90 em alguns campos, e volumes de água produzida atingem 20 milhões de barris por dia em 2025, criando um mercado de US$ 10 bilhões em manejo. Mas isso é um desafio gerenciável, não um "fim do milagre do xisto". Operadores estão investindo em reciclagem e transporte, e o setor não parou: Wall Street continua financiando, apesar de Pruitt alegar o contrário.
A EIA tem histórico de superestimar produção de xisto (errando por sete anos, como ele diz), mas ajustes recentes mostram precisão maior, com foco em dados reais em vez de "contos de fadas". A estratégia da OPEP de manter preços em US$ 70 para "sangrar" o xisto é plausível, mas não "brutal" o suficiente para falir o setor inteiro, como comprovado pela resiliência americana.
Pruitt alega que ataques de drones ucranianos causaram uma "crise inquebrável" na Rússia, com exportações de diesel no menor nível em oito anos e potencial perda de 3-4 milhões de barris por dia até janeiro de 2026. Dados confirmam impactos: drones atingiram 16 de 38 refinarias russas desde agosto de 2025, reduzindo capacidade de refino em 10-38%, segundo Moscow Times e BBC. Exportações de diesel caíram para níveis de 2017, com preços internos subindo e escassez de combustível levando a proibições de exportação de gasolina até o fim de 2025.
Porém, o vídeo confunde refino com produção bruta. A Rússia mantém output em ~10,5 milhões de barris por dia, desviando crude para exportações (aumentando-as, per Bloomberg), em vez de refiná-lo domesticamente. Não há evidência de perda de 3-4 milhões em exportações totais – impactos são em produtos refinados (600 mil barris perdidos), não em crude siberiano ou portos bálticos operando a meia capacidade. A dependência de descontos para China e Índia é real (US$ 10-30 abaixo do mercado), mas não indica "colapso total". Sanções de Trump (anunciadas recentemente) aumentam pressão, mas a Rússia não está "acabada": ela se adapta, vendendo para aliados apesar de atrasos em projetos como o Power of Siberia 2.
Para o Irã, Pruitt prevê perda de 1,5-2 milhões de barris se Israel atacar instalações nucleares, fechando o terminal de Kharg Island e o Estreito de Ormuz. Tensões são altas: exportações iranianas subiram 37% em setembro de 2025 para 3,5 milhões de barris (1,8 milhão para China via "frota sombra"), per United Against Nuclear Iran. Novas sanções dos EUA em outubro de 2025 visam bancos e navios, mas o Irã mostra resiliência, mantendo fluxos apesar de "snapback sanctions".
O risco de escalada existe – exercícios israelenses e mísseis iranianos na fronteira iraquiana –, mas Pruitt ignora que o Estreito de Ormuz (21 milhões de barris/dia) não foi fechado historicamente sem guerra total. Uma perda de 2 milhões seria significativa, mas a OPEP+ poderia compensar parcialmente. A claim de 6 milhões de barris globais desaparecendo é hiperbólica, combinando cenários hipotéticos sem base em dados atuais.