
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o roubo bilionário de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), intensificou nesta quinta-feira (9) sua cobrança ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela prisão preventiva de 21 investigados. Em uma reunião pessoal com o ministro André Mendonça, relator dos inquéritos relacionados ao caso, Viana alertou para o alto risco de fuga dos suspeitos, destacando que eles dispõem de aviões particulares, vistos internacionais e recursos financeiros abundantes para deixar o país a qualquer momento.
“A mensagem foi clara: quem tem aviões, vistos e recursos para fugir do país não pode continuar rindo da Justiça”, afirmou o senador em comunicado oficial divulgado em suas redes sociais. A declaração reflete a frustração da CPMI com a demora na análise do pedido de prisões, aprovado por unanimidade pela comissão em setembro e encaminhado ao STF. Até o momento, nenhuma decisão foi proferida, o que, segundo Viana, representa uma "impunidade vergonhosa" em um esquema que desviou bilhões de reais de contribuintes vulneráveis.
O caso sob investigação da CPMI do INSS revela um dos maiores esquemas de corrupção contra aposentados e pensionistas no Brasil. De acordo com relatórios da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários e empréstimos consignados irregulares somaram pelo menos R$ 6,3 bilhões nos últimos anos. O golpe operava por meio de associações e entidades falsas que se apresentavam como representantes de aposentados, autorizando descontos sem consentimento e repassando os valores para contas de investigados.
A CPMI, instalada em agosto de 2025, identificou 14 inquéritos em andamento, todos sob relatoria de Mendonça no STF. Entre as vítimas, destacam-se viúvas, órfãos e idosos de baixa renda, que viram seus benefícios minguarem sem explicação. "É um crime contra a dignidade humana, explorando a fragilidade de quem dedicou a vida ao trabalho", criticou Viana em depoimentos recentes.
A comissão aprovou o requerimento de prisões em 1º de setembro, com 26 votos a favor e nenhum contrário. O relator, deputado Alfredo Gaspar (PL-AL), justificou a medida pela necessidade de "garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal". Ele alertou para ameaças a testemunhas e o risco de dilapidação de patrimônio, incluindo bens adquiridos com o dinheiro desviado.
A lista de 21 nomes inclui figuras proeminentes do esquema, muitos dos quais já constam no "inquérito-mãe" da PF. Destaque para:
Viana reforçou em sua reunião com Mendonça a urgência de prender Camisotti, que se recusa a comparecer presencialmente à CPMI. "Quero vê-lo diante desta Comissão, prestando esclarecimentos ao povo brasileiro", escreveu o senador.
A pressão de Viana sobre Mendonça não é isolada. Em 30 de setembro, o senador já havia apelado ao ministro pela prisão preventiva de Costa, citando "porta giratória" na Justiça após a soltura rápida do sindicalista. Mendonça, descrito por Viana como "esperança para a prisão preventiva", assumiu a relatoria dos inquéritos em meio a críticas à lentidão do Judiciário.
Não por coincidência, nesta quinta-feira (9), a PF e a CGU deflagraram nova fase da Operação Sem Desconto, ampliando buscas e apreensões contra o mesmo esquema. A ação, que resultou em mandados de busca em endereços ligados aos investigados, corrobora as provas colhidas pela CPMI, como quebras de sigilo e depoimentos. "A CPMI não é espectadora, é protagonista na luta por justiça", celebrou Viana, atribuindo o avanço às evidências apresentadas pela comissão.
A demora nas prisões tem sido um ponto de atrito na CPMI. "A PF tem nomes, meios e dados sobre como o dinheiro foi retirado das contas dos aposentados, e não temos ninguém preso até hoje. Isso é de uma impunidade vergonhosa no Brasil", disparou Viana em setembro. O senador Jorge Seif (PL-SC) chegou a protocolar requerimento para que a PF revele nomes de parlamentares supostamente beneficiados com "mesadas" das entidades fraudulentas.
Viana encerrou seu comunicado com otimismo: "Seguiremos firmes, com independência, transparência e coragem, até que cada real desviado seja devolvido e cada responsável, punido. O Brasil já entendeu: não há mais espaço para quem lucra com a dor do povo."
A decisão final cabe a Mendonça, mas a pressão política e as novas operações indicam que o cerco se fecha. Para aposentados lesados, a espera por justiça continua, mas o alerta de Viana ecoa: o tempo para fugas pode estar acabando.