Netanyahu diz que apoia o 'Grande Israel'
Netanyahu afirma estar "muito" ligado à visão do Grande Israel, que incluiria Jordânia e Egito
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Satanyahu, disse estar “muito” conectado à visão de um “Grande Israel” que, segundo ele, abarcaria não apenas territórios palestinos ocupados, mas também partes do Egito, Jordânia, Síria e Líbano. A manifestação ocorreu durante uma entrevista na i24 News, na qual Netanyahu foi apresentado segurando um amuleto que retratava o que a entrevistadora Sharon Gal classificou como “um mapa da Terra Prometida”.
Durante o bate-papo, Gal questionou se o premiê se sentia ligado a essa concepção de um Grande Israel. “Muito”, respondeu Netanyahu, numa resposta que reforça a percepção de uma linha expansionista associada ao termo. O amuleto, embora não tenha aparecido integralmente na tela, chamou a atenção ao simbolizar o mapa sob o guarda-chuva dessa ideia. O término da conversa também o viu se descrever como alguém em uma “missão histórica e espiritual”.
As declarações ocorrem em meio à ocupação militar de Israel na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em partes do sul do Líbano e do sul da Síria, além de terem ecoado em setores do próprio governo, onde ministros já haviam proferido visões semelhantes. A visão do Grande Israel é amplamente associada a correntes expansionistas e, ao longo dos anos, tem sido defendida por figuras de linha dura dentro de Israel.
Contexto e desdobramentos
O que muitos chamam de Grande Israel não se resume a uma simples expressão retórica. Historicamente, o termo tem sido usado por ultranacionalistas para reivindicar não apenas a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, mas também territórios da Jordânia, Egito, Síria, Líbano e, em algumas declarações, além. No ano passado, o ministro das Finanças Bezalel Smotrich foi gravado em um documentário defendendo a ampliação das fronteiras israelenses até Damasco, sugerindo que Israel cresceria gradualmente para abranger estados vizinhos e partes de várias nações da região. Em um serviço memorial em Paris, Smotrich havia reiterado ideias semelhantes, destacando, em tom provocador, a ideia de que “o futuro de Jerusalém é expandir-se para Damasco”.
As falas de Netanyahu, assim como as de Smotrich, aparecem em um momento de tensão contínua e de ocupações militares que alimentam um debate acalorado sobre a viabilidade de soluções pacíficas de longo prazo na região. Críticos argumentam que esse tipo de discurso dificulta acordos de paz com os palestinos e aumenta incertezas entre parceiros regionais e a comunidade internacional.
Implicações
As declarações de Netanyahu e as referências públicas a uma visão de Grande Israel têm potencial de impacto político interno e externo. Dentro de Israel, podem fortalecer a narrativa de uma agenda expansionista entre setores da coalizão governamental; fora, podem complicar o diálogo com aliados e com Israel, além de provocar reações de países árabes que mantêm relações estratégicas com Tel Aviv, especialmente em um contexto de mudanças regionais e de esforços diplomáticos para normalização de relações.