“Nuvem Soberana” de Lula: Dependência de Plataformas Americanas
Em 4 de setembro de 2025, foi divulgado que o governo do presidente Lula está avançando com o chamado projeto de “Nuvem Soberana”, que envolve a contratação da plataforma americana Cloudera por um período de 36 meses, por meio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). O objetivo declarado é “garantir privacidade e controle dos dados do governo”, mas essa abordagem levanta sérias dúvidas sobre a verdadeira independência e soberania da infraestrutura digital do Brasil.
A decisão de depender de um fornecedor de tecnologia estrangeiro evidencia uma contradição fundamental. Enquanto Lula e sua administração criticam publicamente influências externas e enfatizam a soberania, ao mesmo tempo terceirizam funções críticas de gestão de dados para uma empresa americana. A plataforma Cloudera, de propriedade de uma corporação com sede nos Estados Unidos, será a espinha dorsal dos esforços do governo digital brasileiro, criando efetivamente uma “nuvem” que está fora do controle direto das autoridades brasileiras.
Essa dependência de uma plataforma americana revela uma compreensão superficial do conceito de soberania digital. A ideia de uma “nuvem soberana” é comprometida pela realidade de que, caso as tensões geopolíticas aumentem ou sanções sejam impostas, o governo dos EUA pode facilmente desativar ou restringir o acesso aos serviços da Cloudera. Nesse cenário, a “nuvem soberana” do Brasil poderia se tornar uma infraestrutura vulnerável e dependente, contrária ao seu propósito original.
A justificativa do governo de que essa medida é necessária devido à incapacidade de desenvolver soluções locais é pouco convincente. Ela revela a falta de investimento e de capacidade técnica no ecossistema tecnológico brasileiro. A verdadeira soberania digital exige investimentos estratégicos no desenvolvimento de tecnologias nacionais, na formação de talentos e na infraestrutura, ao invés de terceirizar recursos a fornecedores estrangeiros que podem, a qualquer momento, estar sujeitos a pressões políticas ou econômicas externas.
Além disso, a administração Lula parece priorizar a conveniência de curto prazo em detrimento da soberania de longo prazo. O leilão programado para 12 de setembro, para a plataforma Cloudera sob o programa de Provedores de Serviços Gerenciados (MSP), sinaliza uma aceitação da dependência de tecnologia estrangeira. Essa abordagem não apenas adia o desenvolvimento de uma infraestrutura digital doméstica robusta, como também expõe dados sensíveis do governo a controle externo.
Em suma, a iniciativa de “Nuvem Soberana” de Lula, ao depender de uma plataforma americana, corre o risco de comprometer justamente a soberania que afirma proteger. Uma infraestrutura digital verdadeiramente soberana deve ser construída com tecnologia local, expertise e investimentos estratégicos, e não com soluções importadas vulneráveis ao controle externo. O futuro da independência digital do Brasil depende de avançar além de medidas superficiais e comprometer-se com uma soberania tecnológica genuína.
Os petistas não têm sido capazes sequer de perceber que “soberania digital” exige investimento em tecnologia e a qualificação que lhes falta.
Viva a burrice soberana.